Projeto desenvolvido nas piscinas da UFRN melhora o condicionamento físico e minimiza efeitos de doenças


03/04/2017
Projeto desenvolvido nas piscinas da UFRN melhora o condicionamento físico e minimiza efeitos de doenças

Por Marcos Neruber


 


O projeto de extensão Caminhágua desenvolvido na Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) proporciona a melhora do condicionamento físico e o tratamento de doenças. Como o nome sugere, trata-se de uma caminhada dentro da piscina, que beneficia pessoas com Parkinson, Hipertensão Arterial, Artrose, problemas com Varizes e circulatórios.


A atividade ocorre no complexo esportivo da Universidade e foi idealizada há 15 anos pelo professor de educação física Raimundo Nonato, coordenador do projeto. “O nosso corpo precisa de alimento, movimento e alegria. Um corpo alegre, ativo e bem alimentado tem saúde”, defende.


A movimentação dentro da água, proporciona um maior relaxamento do corpo e exercício para os membros inferiores e superiores. “Avaliamos possíveis problemas de saúde para realizar intervenções no sentido de minimizar ou até mesmo, curar efeitos de doenças”, diz o coordenador. Raimundo Nonato lembra uma das conquistas marcantes do projeto: a recuperação de uma participante que sofreu um Acidente Vascular Cerebral (AVC) e abandonou a cadeira de rodas com a ajuda dos exercícios.


Para a participante Severina Gomes Pereira, 79 anos, paciente de Parkinson, o projeto tem contribuído para minimizar os tremores das mãos e outros efeitos da doença “os exercícios são simples e eu faço muitos movimentos, principalmente com os braços e com as mãos. Não sinto tontura, não sinto tremor, nem vontade de vomitar. Nas férias foi horrível porque fiquei sem fazer e senti muito o impacto da doença. A água me ajuda em tudo, inclusive a viver”, detalha.


Inicialmente, o projeto atendia pessoas obesas, proporcionando um maior gasto calórico dentro da água. “Muitas vezes o diagnóstico aponta para cirurgias, mas conseguimos através da água, diminuir efeitos sem que o paciente sofra uma intervenção cirúrgica tão invasiva”, conta o coordenador.  


Raimundo Nonato explica que dentro da água o peso específico de uma pessoa é menor. Com isso, pessoas que não conseguem caminhar com facilidade no dia-a-dia, fazem esse esforço de forma reduzida ao se deslocar dentro da piscina, trabalhando melhor os membros. Além de caminharem dentro da água, os participantes realizam exercícios de fortalecimento específicos que favorecem a musculatura dos braços e das pernas.


Referências


O professor Raimundo Nonato usa princípios da Mecânica Clássica como referência do seu trabalho, como o princípio de Arquimedes com a definição da Lei do Empuxo. Na física, o Empuxo é uma força vertical dirigida para cima sobre um corpo quando ele está imerso na água. Essa força facilita o deslocamento do corpo, tornando-o mais leve.


De acordo com educador físico, o empuxo minimiza o peso do corpo substancialmente e contribui para o processo de vascularização “O líquido ajuda a movimentar os membros superiores, tornando mais rápido o retorno sanguíneo, o coração trabalha mais aliviado. Ao fazer exercício fora da água, o coração faz mais esforço”, explica.


Outra importante explicação é a da Pressão Hidrostática. Nesse princípio, o corpo que está sobre o líquido recebe um acréscimo de pressão vinda de várias direções. “A pressão vai aumentando na medida em que submerge seu corpo na água; e diminuindo na medida em que vai elevando seu corpo”, comenta o professor.


Raimundo Nonato explica que , por meio da pressão hidrostática, a força exercida na base do corpo (pés e pernas) acelera o retorno do sangue, consequentemente trazendo benefícios ao coração. “A água proporciona o relaxamento do corpo e as veias sofrem menos pressão, pois o sangue circula com mais facilidade proporcionando a neovascularização”, reforça.


Dessa forma, os exercícios na água contribuem, por exemplo, para o desaparecimento de varizes, causadas pela falta de espaço para circulação do sangue e, também, pelo aumento do esforço físico. Além disso, os exercícios contribuem para minimizar os efeitos da hipertensão arterial.


O aposentado José Flávio Azevedo, 69 anos foi motivado por indicação de um médico ortopedista, que recomendou uma caminhada na piscina devido a problemas no joelho esquerdo. “Eu caminhava no calçadão e sentia muitas dores no joelho, dentro da água eu não sinto dores. Fora da água as dores diminuíram não totalmente, mas diminuíram bastante”, relata.


Como participar?


O projeto de extensão Caminhágua é aberto à comunidade, principalmente àqueles que se queixam de dores nas articulações. Não há restrição de idade. As ações são realizadas diariamente de segunda a sexta das 18h às 20h nas piscinas da UFRN, campus central da Universidade.


 


Os interessados devem entrar em contato pelo número (84) 994064620 ou ir presencialmente à sala de exercícios que fica ao lado da piscina, a partir das 17h.